setembro 16, 2009

Paris by Night



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Surdez


Um dia em um ponto de ônibus da vida, conheci uma menina com uma beleza rara. Uns olhinhos iluminados, uma boca pequena, o cabelo claro, uma alma clara.

De imediato, me pareceu uma criança comum, com seu material escolar, seu uniforme, e... seu aparelho de surdez.

Logo, chegou um amigo, talvez conhecido de tempos. O que me sensibilizou foi o modo como se comunicavam, fazendo sinais sem nenhum som e mesmo assim se entendiam e sorriam satisfeitos com o diálogo, através de singelos sinais, olhares. Ela sabia o que ele dizia e ele sabia o que ela dizia.

A menina sem poder ouvir, estava ali, disposta a vencer, entender, encontrar a razão. E o menino disposto a entender aquela criatura doce.

Duas crianças...

Fiquei pensando em como é difícil entender o meu próximo, eu, que não tenho essa dificuldade, que posso ouvir, falar, percebi que minha “surdez” é muito pior que uma deficiência física, é uma surdez mesquinha, preconceituosa e egoísta.

Você já se dispôs a ouvir seu amigo, seu irmão ou seus pais, já tentou entender os “sinais” que as pessoas ao seu redor dão quando querem ou precisam de um conselho ou simplesmente desabafar?

Uma “surdez” cretina que só te deixa ouvir o que te agrada.


Você já se dispôs a deixar sua “mudez” e dialogar com seu amigo, conversar, trocar idéias, aconselhar, dar uma palavra amiga? Ou seu assunto se restringe ao básico: “Oi, e aí beleza?” (É claro que ótimas conversas começam assim).

Fiquei me imaginando com a deficiência auditiva, seria muito difícil, solitário, o quanto teria necessidade de ser compreendido em momentos de alegria e tristeza.

E se não tivesse o privilégio, como aquela garotinha, de ter um amigo com quem conversar?



Março de 2001