julho 30, 2010

vento, ventinho.

vento, ventinho.
Folha, folhinha
caída no chão
me mostra o caminho que você vai fazer hoje?

Será que somos iguais? Será que sou levada pelo vento e pelos pés nas ruas, pés que me pisam, me arrastam, ou em alguns momentos, desviam de mim?

Será que eu também vivo de acordo com as estações? São elas que ditam pra onde eu vou? Se fico no alto ou se vou pro chão? E se me refaço, eu volto pro alto?

Quem te ama folhinha? Alguém já te disse isso? E se ninguém nunca disse, eu acho até que isso é bom. Porque as poucas pessoas que me disseram algo desse tipo, fizeram coisas que não tinham muito sentido. Fiquei com alguns machucados. E eu penso que se você sobrevive a tanta coisa... Será que eu também renovo minhas cicatrizes? Ou será que acumula? Talvez seja como as multas que eu recebo do trânsito, talvez elas expirem dentro de um ano e aí cedem lugar para outras...

Eu não sei o motivo, mas pensei muito em você hoje, folhinha. Pensei que quero te seguir pra ver se você me leva junto com você. As folhas vão pra algum lugar interessante, porque eu nunca vi uma folha voltar.

Quero saber se você tem pressa como eu? E se você tem preguiça de algumas fases da vida. E não é aquela preguiça preguiçosa, só pra ficar à toa, é aquela preguiça pretensiosa, de achar que têm coisas que a gente já sabe e não precisa passar. Mas vou te confessar, eu vivo muitas situações, muitas mesmo, ao mesmo tempo. E eu, que acho que sempre vou saber lidar com tudo, mas às vezes me pego repetindo besteiras, repetindo tolices e sofrimentos. Eu não quero isso pra mim.

Eu quero que os ventos me levem pra longe bem na hora que eu desejar que eles me levem.

Me diz, folhinha, é você que manda nos ventos? É você quem diz pra ele a hora certa de sair da sua árvore?

Porque eu já não me aguento das mesmas pessoas, dos mesmos lugares, das mesmas palavras soltas, dos mesmos sonhos e da vida que me leva tão devagarzinho.

Folhinha, conversa com ele então e pergunta se ele não está na contramão.

Enquanto isso eu canto,

'Folha, folhinha
Me mostre sua trilha
Me apresente seu amigo
Vento, ventinho
Me mostre a direção
Me abrigue em algum outro coração
Folha, folhinha
Vento, ventinho
E eu,
sozinha
E eu,
sem caminho'


Essa fofura de texto é daqui: a voz da lua

julho 26, 2010

Em nome da Justiça

Enquanto a violência acabar com o povão da baixada
E quem sabe tudo disser que não sabe de nada
Enquanto os salários morrerem de velho nas filas
E os homens banirem as leis ao invés de cumpri-las
Enquanto a doença tomar o lugar da saúde
E quem prometeu ser do povo mudar de atitude
Enquanto os bilhetes correrem debaixo da mesa
E a honra dos nobres ceder seu lugar à esperteza.

Não tem jeito não.

Só com muito amor a gente muda esse país
Só o amor de Deus pra nossa gente ser feliz
Nós os filhos Seus temos que unir as nossas mãos
Em nome da justiça, por obras de justiça
Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso.

Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado
E em Nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado
Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive,
não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive
Não tem jeito não, não tem jeito não.

João Alexandre e Reteté Big Band

julho 24, 2010

Flores de Dentro

Tudo é mistério fundo de flor e agonias. Eu me preparei para receber a primavera e caminhei pela cidade com frio, braços cruzados_ eu tinha apenas a mim mesma para abraçar. E na expectativa de flores nascendo subitamente pelos caminhos, só consegui perceber o espreguiçar de uma tristeza adormecida. Mas nada machucava, apenas doía: uma tristeza se impunha saudável naquele guache laranja do entardecer. A melancolia mais bonita. E uma dor quentinha como um raio de sol que cega a alegria para iluminar outras inspirações.
Eu me preparei para a chegada de uma determinada primavera semântica, mas só conseguia lembrar do meu poeminho antigo:
Quando setembro flor-ido, primavirá o verão.

Marla de Queiroz

julho 22, 2010

A Elegância do Jazz






É já passou, encontrei esses cartazes no Collecta.
O festival "Guimarães Jazz" de Portugal que aconteceu de 12 a 21 de novembro de 2009
O trabalho foi realizado pela agencia MartinoJanaDesign
Adorei!!!
E como o pessoal do Collecta fez, já to ouvindo um jazz!!!

julho 13, 2010

Eu sou +1

Já ouvi pessoas dizendo que não vão votar na Marina porque ela não vai ganhar, porque ela é fraquinha, não tem capacidade, só pensa em sustentabilidade e cuidar da natureza, porque ela tem só 10% das intenções de votos...
O interessante é que nehuma explicação diz; ah ela já teve o nome envolvido em escandalos, desvios de verbas, ela já se envolveu em falcatruas e crimes eleitorais, ela não tem um plano de governo que atenda às necessidades do povo brasileiro...
Ou seja o povo brasileiro não sabe votar, infelizmente os motivos que levam uma pessoa a não votar na Marina no meu ponto de vista são exatamente os motivos que deveriam ser o de votar nela...

Humberto Ramos

É lamentável a alegação de algumas pessoas de que não votarão na Marina Silva porque perderão seus votos, uma vez que ela não teria condições de ganhar.

Acho que essas pessoas ainda não compreenderam a dinâmica das eleições. Eles votam como quem joga na loteria, participa de um bingo ou faz uma aposta em um carro de corrida.

Não tenho dúvidas, ainda que a Marina não seja eleita, ela terá introduzido no âmbito nacional uma pauta de discussões das mais importantes e necessárias para esse momento histórico.

A proposta da Marina, centrada no cuidado com o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e educação – isso sem falar na postura ética de fazer política, percebido na sua própria vivência – constitui o conteúdo mais relevante dentre todos os temas levantados e expostos pelos os candidatos.

E considerando o que os outros têm a dizer, podemos afirmar que Marina é o meio termo, o ponto de equilíbrio, a síntese sensata que propõe preservar sem frear o crescimento econômico e o desenvolvimento do país.

As propostas da candidata verde devem ser avaliadas a partir de sua vida, seu estilo de campanha e sua total rejeição às barganhas políticas, mesmo que isso conduza sua candidatura a um caminho mais penoso que as dos outros presidenciáveis.

Assim como em toda a sua carreira, agora ela permanece sem alianças espúrias, sem se vender, enfim, ela não se prostituiu ideologicamente para poder trilhar os caminhos mais fáceis da política.

Ser eleita é seu objetivo, mas isso deverá ocorrer como resultado de uma campanha ética, responsável e, por si só, relevante.

É com essa percepção que, convicto de que tal candidatura é o reflexo dos sonhos de um coração íntegro, que não temo perder meu voto! Muito pelo contrário, acontece o que acontecer, ele estará registrado lá nas urnas como mais um que escolheu, muito além da candidata Marina Silva, uma agenda política condizente com as necessidades do mundo no século 21.

Assim sendo, é com prazer que repito: Eu sou +1.

julho 05, 2010

"a gente durmimo no quentinho"


Helena Beatriz Pacitti

Uma familia extremamente necessitada recebeu um presente anônimo às vésperas do inverno. Quem intermediou a ação foi uma enfermeira que conhecia as redondezas.
O volume foi entregue logo pela manhã, antes que a mãe saísse de casa e deixasse, como sempre, as três crianças pequenas trancadas no minúsculo cômodo em que viviam. Talvez não fosse a melhor opção, mas quem mora em uma área carente da Baixada Fluminense não pode se dar ao luxo de deixar os filhos soltos pelas ruas.Em meio à surpresa matinal, os embrulhos foram abertos rapidamente pelos três. Havia pacotes coloridos com cobertores novos, brinquedos, pares de meias, chocolates. Chocolate era uma preciosidade para eles. A cada fita desenrolada, gritinhos de contentamento. A alegria se estendeu até a noite. No dia seguinte, saindo de casa, a enfermeira bateu à portinha do barraco e olhou pela janelinha o rosto das crianças. O caçulinha, ainda deitado ao lado dos irmãos, já estava acordado. Seus grandes olhos de jabuticaba brilhavam enquanto passava as mãos vagarosamente pelo cobertor novo. Ele levantou, chegou perto da janela e estendeu as mãos para a moça. Claro, ela não ia tirá-lo de lá, mas soprou um beijinho e perguntou do que ele mais tinha gostado: dos brinquedos ou dos chocolates? Ele olhou com ternura para os irmãos adormecidos na única cama, dobrou os bracinhos e, sorrindo, respondeu baixinho: O que eu mais gostei é que essa noite ” a gente durmimo” no quentinho. Quem ensinou esse garotinho que "a gente" é mais importante do que "eu"? Quem colocou tanto amor no seu coração, que preferiu sentir satisfação por terem dormido juntos, no quentinho, felizes, mesmo tendo outros presentes? Quem?

fonte: Timilique!