janeiro 19, 2011

Eu ando...

George Turner - Snow Storm

Eu ando relapsa com blog, mas devo confessar que não é só com o blog...
Acho que ando relapsa com a vida... e não aconselho isso a ninguém, porque ficar assim com preguiça de tudo no final das contas dá um peso na consciência...
Coisas que ficam por fazer, lugares que deixo de ir, convites que deixo de aceitar, posts que deixo de escrever nem meus perfis sociais ando atualizando... tudo por preguiça!!!

Não sei se é culpa dos dias nublados e chuvosos, das noticias ruins que chegam, da quantidade de gente que se foi por conta das imensas pedras que rolaram morro abaixo, a chuva forte, as inundações... As imagens na TV me sugam, fico olhando ruas alagadas, pessoas que tinham suas coisinhas (coisinhas mesmo) porque a maioria é gente pobre muito pobre quem perde alguma coisa nesses tempos.
Não me aguento quando fazem reportagem com criança que perdeu os pais ou crianças que não perdeu os pais mas estão muito assustada que parte o coração; "A chuva levou minha chupeta"... e no meu ouvido chegou " A chuva levou minha segurança, meu conforto, meu carinho meu alento... com a chupeta foi -se tudo!!

Mas também penso que pode ser um momento pessoal muito ruim e que coincidiu com todas essas tregédias...

Mas é assim!! A vida vem com uma brisa ou uma ventania, uma garoa ou uma tempestade uma brasa ou um incêndio... Não é só aqui no Brasil tanta calamidade, as noticias são alarmantes no mundo inteiro. Bom comecei o texto falando da minha preguiça, da minha negligência com a minha vida e quero retomar este assunto... porque pensando na minha "preguiça da vida" concluí que; em tempos tão difíceis a minha vontade é de parar, parar com tudo esperar um silencio, esperar o sol ameno, esperar a chuva fininha que não mata só faz carinho... eu sei que essa atitude pode parecer bem egoísta considerando que não se deve esmorecer, é tempo de mostrar solidariedade, de fazer movimento, de levantar bandeiras... eu me emociono com a quantidade de gente ajudando todas as vitimas desse verão de 2011... o que eu consegui fazer foi levar uma sacola com roupas e dois cobertores num caminhão do exercito aqui no centro da minha cidade...

Pronto, confesso a minha preguiça da vida...

*preciso de um anti-acido!!

janeiro 10, 2011

janeiro 07, 2011

"A duração do dia"


Adélia Prado é uma escritora linda
e pra entender isso é só dar uma espiada aqui na 1ª parte dessa entrevista encantadora e aqui a 2ª parte...
Essa senhora elegante se parece muito com as irmãs do meu avô; o jeito de falar os gestos, o tom da fala, talvez isso facilite ainda mais todo o meu encantamento.

A escrivã na cozinha

Adélia Prado

Só Deus pode dar nome à obra completa
— de nossa vida, explico — mas sugiro
Ao meio-dia, um rosal,
implica sol, calor, desejo de esponsais,
a mãe aflita com a festa,
pai orgulhoso de entregar sua filha
a moço tão escovado.
Nome é tão importante
quanto o jeito correto de se apresentar a entrevistas.
Melhor de barba feita e olho vivo,
ainda que por dentro
tenha a alma barbada e olhos de sono.
Sonhei com um forno desperdiçando calor,
eu querendo aproveitá-lo para torrar amendoim
e um pau roliço em brasa.
Explodiria se me obrigassem a caminhar por ele.
Ninguém me tortura, pois desmaio antes.
A beleza transfixa,
as palavras cansam porque não alcançam,
e preciso de muitas para dizer uma só.
Tão grande meu orgulho, parece mais
o de um ser divino em formação.
Neurônios não explicam nada.
Psicólogos só acertam se me ordenam:
Avia-te para sofrer — conselho pra distraídos—,
cristãos já sabem ao nascer
que este vale é de lágrimas.


Texto extraído do livro “A duração do dia", Editora Record – Rio de Janeiro, 2010, pág. 25.